Escola Castelo Branco - 2016
Projeto LEITURA
Livro do mês de abril de 2016
Ensaio sobre a cegueira de José Saramago
Vamos ... sentir o prazer da LEITURA!...
Livro do mês de abril de 2016
Ensaio sobre a cegueira de José Saramago
Vamos ... sentir o prazer da LEITURA!...
Resenha: Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago
Sinopse
Um
motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro
caso de uma "treva branca" que logo se espalha
incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se
perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às
trevas.
O
"Ensaio sobre a cegueira" é a fantasia de um autor que nos
faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os
perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e
comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio,
impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz
Kafka e Elias Canetti.
Cada
leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se
cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar,
fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas
são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos
tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa
coisa é o que somos".
Resenha
“-Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira.” (pág. 131)
Fiquei
muito angustiada ao ler esse livro. Saramago soube nesse livro
exprimir todo o universo da cegueira daqueles que veem.
Saramago
não faz a distinção de personagens pelos seus nomes, mas sim pelas
suas características e particularidades. Entre os personagens
principais, temos o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o
médico, a mulher do médico (que vê), a rapariga dos óculos
escuros, o velho com a venda no olho e o rapazinho estrábico. Vai
aparecendo ao longo do livro outros personagens secundários, como o
cego da pistola, o cego que escreve em braile, o ladrão, os
soldados, a velha do primeiro andar, o cão de lágrimas…
“-É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.” (pág. 40)
Um
sinal vermelho, a espera pra poder acelerar o carro e de repente não
consegue ver nada. È assim que começa a história de uma epidemia
de cegueira que ninguém consegue explicar. A cidade se transforma
num verdadeiro caos, pessoas são isoladas e abandonadas para viver
cada um por si.
“-O medo cega... são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.” (pág. 131)
Mas uma
pessoa não fica cega. A mulher do oftalmologista. Mas por quê? Por
que numa epidemia de cegos uma única pessoa continue a enxergar? A
mulher do médico se vê obrigada a fingir que é cega para poder
ficar junto do marido e depois para se proteger e ajudar os outros
cegos. Mas nem ela e nem o médico conseguem entender o que
causou a cegueira e o porque de só ela conseguir enxergar.
“-Mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos.” (pág. 243)
Com o
passar do tempo, e com a epidemia se espalhando, as pessoas acabam se
virando uns contra os outros, e é aí que conhecemos o lado mais
obscuro do ser humano e o que uma pessoa pode fazer para se livrar da
maldade dos outros, mesmo que para isso ela tenha que ir contra seus
princípios. Depois que a epidemia se espalha, toda a cidade se vê
em um mundo de caos onde cada cego luta por sua vida, até
descobrirem que o pior cego é aquele que não quer ver.
"-Costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras." (pág. 308)
O livro
é incrível, as personalidades de cada personagem são muito
marcantes. E mesmo que um personagem cometa um erro, você acaba
perdoando por um único motivo: você entende o desejo primário do
ser humano. O Livro é praticamente uma crítica aos cegos de hoje,
que são aqueles que veem, mas que não enxergam.
"-Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem." (pág. 310)
Sem
sombra de dúvidas é um dos meus favoritos.
Adaptação para o Cinema
Ao
longo de sua vida, Saramago resistira em ceder os direitos sobre seus
livros para o cinema. No entanto, em 2008, uma adaptação de Ensaio
sobre a Cegueira foi lançada, dirigida pelo brasileiro Fernando
Meirelles. O filme obteve mundialmente críticas mistas, dividindo
opiniões. No entanto, o longa-metragem agradou Saramago imensamente.
O escritor disse a Meirelles "estar tão feliz de ter visto o
filme como estava quando acabou de escrever o livro". Em outra
declaração, Saramago disse que "agora conhecia a cara de suas
personagens".
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